Projetos - Biênio 2012-2014


Práticas Identitárias e a Implementação de um Novo Currículo: Desafios Conceituais e Deslocamentos Obrigatórios
Pesquisadora: Alice de Freitas (UFU)
Resumo: O presente projeto tem como objetivo principal investigar questões relacionadas às práticas identitárias e às políticas de nomeação e de representação que estão em jogo no contexto de implantação do novo currículo do Curso de Letras da UFU, especificamente no que tange às disciplinas de língua inglesa. Mais especificamente, pretendemos alcançar os seguintes objetivos específicos: investigar quais são as concepções de língua que podem ser percebidas entre docentes e discentes das disciplinas relacionadas ao ensino da língua inglesa; identificar os processos de constituição identitária e de identificação relacionados aos professores formadores e aos futuros professores (em formação) de língua inglesa no contexto da implementação do novo currículo do Curso de Letras da UFU; identificar as representações presentes e intervenientes, tanto no que se refere ao processo do “aprender”, quanto ao processo do “ensinar” língua inglesa no contexto investigado; descobrir o que motiva e desencadeia as políticas de nomeação e de representação que estão em jogo no contexto pesquisado e discutir quais são suas implicações éticas e políticas. Para tanto, propomos uma pesquisa de natureza longitudinal, qualitativa, a ser realizada ao longo de dois anos para que possamos obter, ao final do período, um panorama que possa nos fornecer subsídios para avaliar o processo em quatro etapas, uma etapa em cada semestre, que corresponderá ao acompanhamento de cada uma das disciplinas de língua inglesa que estão previstas no currículo, antes que os alunos cheguem às disciplinas de Prática de Ensino de Língua inglesa. O projeto estará ancorado nos pressupostos teóricos da Pragmática e da chamada Linguística Crítica, e utiliza o conceito de identidade, tal como é percebido por estudiosos pós-estruturalistas.

Política linguística e identidade cultural: representações de língua na região de abrangência da UFFS-Chapecó
Pesquisador: Angela Derlise Stübe (UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Chapecó/SC)
Resumo: Esta pesquisa parte do pressuposto de que todo estudo em linguística aplicada (LA) deve ter uma função social. Isso porque, se a linguagem se constitui em importante palco de intervenção política, trabalhar com a linguagem é agir politicamente, com toda a responsabilidade ética que isso acarreta. Com tal perspectiva em mente, buscamos desenvolver uma proposta de pesquisa que apresente relevância para as reflexões acerca do processo ensino/aprendizagem e para a formação de professores, e que possibilite, ainda, a interlocução entre pesquisadores da Instituição de Ensino Superior (IES), as escolas e os profissionais da educação no ensino básico. Este estudo visa a analisar representações de língua(s) que emergem em narrativas de professores e de alunos da rede pública de ensino na região de abrangência da UFFS – Chapecó/SC, para, então, discutir consequências à formação dos sujeitos. Para isso, trabalhamos com narrativas de professores, coletadas por meio de relatos de experiências escritos, e com questionários semiestruturados aos alunos, que lhes possibilitam narrar suas experiências com língua(s), a fim de, a partir dessa discursividade, depreender possíveis representações de língua(s) calcadas no imaginário sócio-histórico. Para apreender e interpretar o imaginário sobre língua, os discursos sobre as políticas linguísticas - tais como documentos oficiais e textos que circulam na mídia regional e estadual - mostram-se relevantes e foram objeto de descrição e análise. Do ponto de vista teórico, situamo-nos na perspectiva discursivo-desconstrutivista, que ampara-se em uma concepção de sujeito que contemple a heterogeneidade e a contradição que lhe é inerente, como também as determinações histórico-sociais – permeadas pelo desejo e pelo inconsciente – que lhe são próprias. Nas análises dos corpora, inquieta-nos a recorrência de uma visão de língua materna e de identidade sustentada por referenciais logocêntricos, com pouca inserção em práticas e concepções alicerçadas em um processo sócio-histórico e ideológico. Entretanto, algo fala e faz falhar esse imaginário de língua una, apontando para o ser-estar-entre-línguas desses alunos e professores.

O Discurso da Mídia sobre o ensino de Línguas e a Construção de Identidades na Escola
Pesquisadora: Anna Maria G. Carmagnani (USP)
Resumo: O projeto tem por objetivo oferecer subsídios para um estudo crítico da mídia no tocante à sua influência na construção do imaginário de professores e de alunos. Como objetivo específico, busco estudar as representações de identidade que emergem no discurso da mídia, a partir da análise de textos retirados de jornais e de revistas semanais de grande circulação. Baseada numa visão discursiva da linguagem (cf. os trabalhos de Michel Foucault) e numa visão psicanalítica de sujeito (cf. os estudos lacanianos), a proposta parte do pressuposto que a análise do discurso produzido pela mídia permite-nos recuperar, mesmo que parcialmente, que representações são construídas sobre a escola, a aprendizagem em geral e a de línguas estrangeiras, num dado momento histórico. Nesse sentido, pode-se depreender que identidades estão sendo construídas ou silenciadas, que discursos são legitimados e que regiões do interdiscurso colaboram para a produção desses sentidos.

Linguagem e ensino: questões de memória, identidade, (i)migração
Pesquisadora: Beatriz Maria Eckert-Hoff (UDF/UNICSUL)
Resumo: Este projeto, inserido no grupo de pesquisa UNICAMP/CNPq Da Torre de Marfim a Torre de Babel, tem por objetivo estudar questões de discurso, memória e identidade voltadas ao ensino de língua(s) e à formação de professores de língua(s) – pensando o sujeito da/na e pela língua –, a partir da análise de diferentes corpora, com foco em contextos diversos, tanto os de sala de aula – na alfabetização, na leitura, na escrita, no ensino de língua(s) –, como em outros contextos em que a língua é colocada em questão, como os de migração e imigração. Com base nos pressupostos teóricos da Análise do Discurso, queremos compreender como se dá a relação de sentidos e os processos de identificação com relação à memória da/na língua, nas diferentes práticas de linguagem, para direcionar discussões sobre a formação do imaginário de língua do sujeito e da língua do outro e, consequentemente, criar possibilidades de (re)pensar a relação sujeito/língua(s) e analisar políticas linguísticas, que permitam olhar: 1. para o ensino de língua(s) no espaço escolar; 2. para os espaços em que a língua não é (aparentemente) “controlada”, mas age em contextos específicos. Queremos, assim, promover formas de inclusão no/pelo simbólico que não suponham o silenciamento na(s), da(s) e pela(s) língua(s).

O virtual em contextos de letramentos escolares: trajetórias de socialização e performances semiótico-identitárias
Pesquisadora: Branca Falabella Fabrício (UFRJ)
Resumo: As formas de aprendizagem e de produção-circulação discursiva mudaram dramaticamente, em razão do desenvolvimento da Web 2.0. Por seu alcance e velocidade informacionais, pelas inúmeras comunidades de usuários que propiciou, e pelos novos modos de significação e de construção identitária hipersemióticos que o caracterizam, o ciberespaço passou a ser uma realidade inescapável para muito/as estudantes, tornando a influência da cibercultura na vida do alunado cada vez mais evidente. Novas fontes de informação e novas formas de com elas interagir fazem com que a aprendizagem ocorra, além dos limites da sala de aula, em uma vasta gama de espaços da Internet, como blogs, Web pages, Wikipidia e toda sorte de sites educacionais. Pode-se dizer, assim, que os letramentos escolares convencionais têm sido intensamente afetados pelos letramentos virtuais. Tendo em vista esse cenário, o projeto de pesquisa propõe-se a investigar processos de produção de significados e rituais interacionais envolvendo práticas comunicativas entre aluno/as e seus/suas professores/as no contexto virtual (como por exemplo, em sites de relacionamento, blogs educacionais etc.). O objetivo geral é examinar conjuntos de eventos interligados, vivenciados em ambientes virtuais. Meu interesse é pesquisar as relações entre cadeias textuais, atribuição de sentido e performances semiótico-identitárias coconstruídas ao longo de sucessivos encontros interativos na web, atentando tanto para o diálogo entre processos sociohistóricos persistentes e experiências sociais contingentes quanto para a reflexão sobre como o conjunto de rituais interacionais e de modos de construção de sentido no cotidiano virtual está forjando os sujeitos contemporâneos da educação.

Deficiência e ensino: o apartheid educacional
Pesquisadora: Carmem Jená Machado Caetano (UnB)
Resumo: O objetivo desse projeto é compreender como as mudanças na política educacional afetaram as representações identitárias de atores sociais envolvidos com o Ensino Especial; e identificar as representações identitárias de profissionais da área de Educação Especial em discursos prevalecentes nas práticas de letramento (escrita e leitura) em instituições com Atendimento Educacional Especializado. Meu interesse neste tópico tem como justificativa o entendimento de que a difusão de cursos de formação para profissionais que atuam no Ensino Especial ocorre em descompasso com a produção acadêmica do conhecimento acerca da inclusão de pessoas com deficiência em escolas regulares. Uma maneira de diminuir essa lacuna entre teoria e prática é a implementação de projetos em nível local. Pesquisas que contemplem uma disposição para um relacionamento mais simétrico entre pesquisador/a e participantes, que façam da pesquisa parte da prática de rotina do/a professor/a, do Ensino Especial. Utilizando-se da proposta de Fairclough, 2003 e de Moscovici (2003), será analisado um corpus constituído de textos oriundos de entrevistas à luz das práticas discursivas e sociais envolvidas. O referencial teórico considera como ideológicas as formas simbólicas que contribuem para estabelecer ou sustentar relações de dominação (Thompson, 1995).

'Como você está bem!': discursos de envelhecimento, gênero e representação semiótica
Pesquisadora: Carmen Rosa Caldas-Coulthard (Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC e University of Birmingham)
Resumo: Esta pesquisa pretende investigar a representação do envelhecimento de acordo com a perspectiva de estudos de gênero. Combinando a Análise Crítica do Discurso, a Multimodalidade e Metodologias de Linguística de Corpus, o foco principal desta investigação é a construção das identidades de ‘mulheres de certa idade’ através da linguagem, dos recursos visuais e semióticos em representações discursivas públicas (imprensa e propaganda) e em entrevistas pessoais. O objetivo principal é o de examinar a posição conflitante de mulheres enquanto envelhecem numa sociedade consumerista que valoriza a juventude e menospreza, discrimina e exclui pessoas de uma certa idade. O objetivo especifico é o de discutir como o fenômeno da representação do envelhecimento constrói estereótipos sociais através de recursos semióticos e sua consequente repercussão na sociedade em geral. Na pesquisa linguística e discursiva atual, muito pouco tem sido investigado sobre a díade envelhecimento/gênero e sobre as representações semióticas relacionadas à mulheres e aos homens em seus diferentes estágios de vida. Esta pesquisa tem por finalidade preencher esta lacuna já que o envelhecimento é fundamentalmente um processo de gênero. A construção de identidades de atores/as sociais mais velhos/as tende a ser mais problematizada para mulheres do que para homens – mulheres, por exemplo, são nomeadas negativamente – ‘coroa, velha, feia’ enquanto que homens podem ser nomeados como ‘distintos’ (por terem cabelos brancos’!).Através de análises pormenorizadas de tópicos como:1 a representação lexical de mulheres de uma certa idade (como são nomeadas em discursos públicos), a semiótica do corpo e os discursos de rejuvenescimento, sexualidade e beleza, os discursos (geralmente negativos ) sobre avós, o discurso sobre mulheres célebres e empoderadas de uma certa idade, e a percepção das próprias mulheres sobre seu processo de envelhecimento através de suas narrativas pessoais, pretendo mapear identidades públicas e privadas em estágios de vida mais avançados e apontar a possível discriminação e rejeição que suas idades podem produzir. Meu intuito principal é o de tornar visíveis esses processos excludentes.

Por uma pragmática cultural: cartografias descoloniais e gramáticas culturais em jogos de linguagem do cotidiano (PRAGMA CULT)
Pesquisadora: Claudiana Nogueira de Alencar e Dina Maria Martins Ferreira (UECE)
Resumo: O projeto, inserido em uma linha de estudos da Nova Pragmática, a pragmática cultural, que tem analisado as práticas culturais como jogos de linguagem, busca cartografar as epistemologias do Sul, os fluxos, as redes e socialidades subalternas, através dos traços linguísticos de suas cosmologias e dos jogos de linguagens, constitutivos de gramáticas culturais do cotidiano. Mais especificamente, serão estudadas diversas gramáticas culturais constitutivas de distintos jogos de linguagem, cada um desses estudos constituindo uma rota de investigação que flui como um subprojeto dessa proposta de investigação mais ampla. Para seguir os traços e rotas dessas gramáticas, pretende-se observar continuidades e descontinuidades entre as concepções pragmáticas de linguagem como ação e de linguagem como forma de vida e as concepções dos estudos culturais, antropológicos e descoloniais latino-americanos. Para isso, deve-se repensar (ou impensar), metodologicamente, os procedimentos de análise semântica/pragmática tradicionais, para seguir, lentamente, as associações e os atores através da significação de suas formas de vida. Desse modo, seguiremos reflexões e procedimentos metodológicos da antropologia simétrica e da cartografia para estabelecer as redes associativas significativas entre a pragmática, a etnografia e o método cartográfico. O projeto investiga, portanto, as “epistemologias do Sul” e formas de vida (linguagens) subalternas para promover uma reflexão sobre estudos da linguagem fora dos ditames do eurocentrismo, ou seja, um estudo sobre a terapêutica da significação como uso linguístico social, a partir de uma perspectiva situada e crítica.

As práticas identitárias coletivas e individuais: movimentos do sujeito no modelo cultural identitário
Pesquisadora: Cleide Emilia Faye Pedrosa (UFRN)
Resumo: Discussões sobre modelos culturais e identidades sustentam pesquisas nas mais diversas áreas do conhecimento, principalmente, no campo das ciências sociais e nos estudos da linguagem. Os pesquisadores que se especializam sobre a temática da(s) identidade(s) são unânimes em reconhecer que as identidades, na atualidade, são fragmentadas. Cria-se a chamada “crise de identidade”, como parte de um processo de mudança (sociocultural) responsável pelo deslocamento tanto de estruturas como de processos centrais das sociedades modernas. Acompanhar os diversos modelos culturais que marcaram nossa sociedade e a sociedade do outro não tem sido tarefa fácil, muito menos pacífica. É com base nessas discussões que este projeto se situa. As práticas identitárias coletivas e individuas que identificamos nos movimentos do sujeito social e discursivo nos remetem, na atualidade, para um modelo cultural identitário ou subjetivo. Assim é que este projeto, funcionando como um projeto maior que abarca projetos menores ligados aos orientandos de mestrado e de doutorado do Programa de Pos-graduação em Estudos da Linguagem da UFRN, quer desenvolver, dentro do quadro geral dos estudos identitários, o mapeamento das identidades coletivas e individuais segundo o modelo cultural subjetivo. Entre os campos temáticos que este prejeto abarca no estudo das identidades, apontamos: mídias e redes sociais; feminismo; práticas globalizantes de mercado e educação; pobreza e exploração trabalhista. Como percurso metodologico, esta investigação situa-se no âmbito das ciências humanas e sociais, particularmente na área da Linguística Aplicada. Todos os projetos menores, ligados a este projeto, serão desenvolvidos a partir de uma metodologia quali-interpretativista (Moita Lopes 2006) e os corpora serão de domínios e gêneros variados segundo a demanda especifica de cada projeto menor. Para respaldar estes estudos, nos pautaremos, especialmente, na contribuição que buscamos dos Estudos Culturais (EC), da Sociologia para a Mudança Social (SMS) e da Comunicação para a Mudança social (CMS) em interfaces com a Análise Crítica do Discurso (ACD), base maior para este estudo. As primeiras pesquisas indicam proficuos resultados da aplicação das contribuiçoes advindas dos campos em dialogo (EC, CMS, SMS) no que concerne ao quadro teorico dos estudos identitários e sua articulação com o sujeito.

Mediação e circulação da violência simbólica contra nordestinos no Rio de Janeiro e em São Paulo
Pesquisador: Daniel N Silva (UniRIO)
Resumo: O presente projeto de pesquisa, situado no campo da Pragmática Linguística em seu estreito diálogo com a Antropologia Linguística e a Psicanálise, levanta a hipótese de que a violência linguística tem um funcionamento particular. A injúria que atinge o sujeito funciona na história de sua própria exibição. Dito de outro modo, um ato de fala fere na medida em que circula e, assim, cita e incita condições injuriosas prévias e futuras. Esse modo particular que tem a violência linguística de agir será abordado numa empiria específica. Observam-se aqui os modos em que nordestinos e nordestinas são feridos por modos de significar que circulam na mídia corporativa do Rio de Janeiro e de São Paulo e também na fala de sujeitos que habitam essas cidades. Conjuga-se assim um estudo textual da circulação da injúria com uma análise de dados de fala sobre os modos de receber os ditos injuriosos, seja aceitando ocupar o lugar que eles estipulam, seja rejeitando-o.

Meu nome, minha identidade?: das práticas discursivas aos eventos de letramento voltados para adolescentes e idosos
Pesquisadora: Denize Elena Garcia da Silva (UnB)
Resumo: Este projeto de pesquisa constitui um desdobramento da linha de ação do "Grupo Brasileiro de Estudos de Discurso, Pobreza e Identidades" (DGP/CNPq). A proposta abre espaço para consolidação de pesquisas colaborativas de caráter multidisciplinar, no âmbito da Análise de Discurso Crítica (ADC) de vertente de Fairclough (2001, 2003, 2010) e da Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) de base hallidayana (Halliday, 1994, 2003, Halliday e Mathiessen, 2004) com vistas ao intercâmbio de experiências entre linguistas com trabalhos científicos que contemplam a dimensão exterior da linguagem (discurso), bem como a sua interioridade (gramática). Privilegia-se enfoques de gênero como atividades discursivas que configuram formas de ação social e de representação (eixo do conhecimento), com ênfase no resgate de identidades e fortalecimento da cidadania (eixo da ética), mediante eventos de letramento em favor de duas faixas carentes da população brasileira: a juventude que vive em situação de rua e a velhice abandonada. Trata-se de um projeto voltado não só para a pesquisa acadêmica, mas também para o âmbito social com vistas à ampliação de visibilidade e contribuição a duas faixas sociais que merecem ser contempladas na esfera pública.

Designando saber(es): representações de conhecimento e relação com o saber de professores de inglês em escolas públicas
Pesquisadora: Deusa Maria de Souza Pinheiro Passos (USP)
Resumo: A partir de uma perspectiva discursiva, este estudo examina dizeres de professores de inglês na escola pública estadual de São Paulo, em torno de como concebem sua prática didático-pedagógica, lançando um olhar sobre a questão da relação com o saber. Com base em entrevistas realizadas com professores brasileiros de língua inglesa, busca-se, por um lado, (i) examinar aspectos constitutivos da relação sujeito-professor com o conhecimento que acredita ter (ou não ter) e, além disso, (ii) compreender o processo de apreensão da língua do outro, com possíveis implicações para a construção da noção de conhecimento produzido institucionalmente. Interessam-nos as noções de produção de conhecimento, saber e a relação do professor de línguas com o saber (Charlot, 2000; Hatchuel, 2005), no campo específico do ensino de língua inglesa como língua estrangeira. Pensamos ser a relação com o saber uma noção produtiva, auxiliando-nos na organização de questões relativas a qualquer ato que envolva aprender, assim como ao campo específico do ensino de línguas estrangeiras (saber-objeto), e no desafio de compreender a constituição e funcionamento do imaginário, por vezes imobilista, sobre o professor de inglês das escolas de Estado.

Configurações de linguagem e o professor de ensino fundamental contemporâneo: estudo qualiquantitativo
Pesquisadora: Djane Antonucci Correa (Universidade Estadual de Ponta Grossa )
Resumo: Este projeto dá continuidade a estudos anteriores e está embasado na indubitável necessidade de investir esforços na direção de encaminhamentos mais precisos de ensino e aprendizagem de língua, ou seja, mais condizentes com as atuais necessidades e condições sociohistóricas, culturais e econômicas nas quais vivemos. Da mesma forma, abaliza-se nas perdas causadas pela ausência de uma autonomia maior por parte dos professores mediante as descrições de situações sociolinguisticamente complexas e as consequentes aplicações e implicações dessas visões no âmbito didático e pedagógico. Para tanto, considero as discussões acerca da estreita relação que se estabelece entre políticas linguísticas (RAJAGOPALAN, 2003, 2004, 2008, 2009; PENNYKOOK, 2006, 2009; MAKONI & MEINHOF, 2006; CALVET, 2004, 2007; OLIVEIRA, 2000, 2007. 2009) e escrita (BRITTO, 2008; CORREA, 2009a, 2009b, 2011a; 2011b; HARRIS, 1981, 1988, 2000, IVANIC, 1998) necessária e inadiável para que se compreenda melhor algumas noções de linguagem no cenário contemporâneo, as quais levam a pensar nos contornos das marcas identitárias (Hall, 2005; Giddens, 1991, 2002, 2003; Bauman, 2004) desses integrantes inseridos nos princípios institucionais. Nesse sentido, utilizando o viés da pragmática (PINTO, 2005, 2009; RAJAGOPALAN, 2010; SILVA, 2008, entre outros), o objetivo geral deste projeto é observar a compreensão atual que os professores de Língua Portuguesa do ensino fundamental (5ª. a 8ª. séries) têm de língua(gem), ou seja, registrar e discutir qual (ou quais) a(s) noção(ões) de linguagem adotada(s) atualmente por eles para o trabalho com ensino e aprendizagem. Os objetivos específicos são: a) discutir políticas linguísticas e averiguar se tal discussão auxilia os professores a compreender os mecanismos que definem o(s) uso(s) da linguagem; b) discutir as noções de língua e de cultura; c) mostrar que as práticas linguísticas heterogêneas acompanham a evolução sociocultural de todas as línguas do mundo e que os movimentos em direção da homogeneidade linguística são determinados por fatos sociais, políticos e históricos; d) observar o processo de formação dos professores da área de Letras, do ponto de vista curricular; e) classificar os professores participantes da pesquisa segundo variáveis específicas; e) avaliar o processo de formação continuada de professores; f) contribuir para o processo de formação continuada de professores; g) subsidiar discussões sobre ensino de língua. A hipótese de pesquisa é a seguinte: “O conhecimento dos processos históricos, socioculturais, linguísticos e de políticas linguísticas que envolvem a constituição das línguas, das práticas de linguagem propicia maior autonomia para propor estudos, pesquisas, discussões e encaminhamentos pedagógicos, seja sob a égide de uma posição científica, seja de uma proposta intervencionista no campo social e educacional”. Utilizando métodos qualitativos (KRAMSCH, C. & WHITESIDE, 2008; TELLES, 2002; TRIVIÑOS, 2009; THIOLLENT, 2009, entre outros) com o apoio de dados quantitativos (GATTI, 2009), espero alcançar os seguintes resultados: a) dar visibilidade às indagações, dificuldades e experiências de professores do ensino fundamental oriundas de situações sociolinguisticamente complexas; b) contribuir com a formação inicial e continuada de profissionais da área de Letras; c) gerar impacto nas discussões acerca do discurso praticado em relação a ensino de língua, tanto no âmbito das instâncias educacionais e acadêmicas quanto das instâncias públicas; d) obter uma configuração mais atualizada e contextualizada dos fatores que determinam as práticas de linguagem; e) obter o mesmo panorama das práticas de salas de aula e propor, se necessário, algumas adequações às diretrizes que vêm norteando o trabalho com ensino de língua; f) reconhecer, juntamente com os professores participantes da pesquisa que devemos ser “poliglotas na nossa própria língua” (Jabur, 2011); g) auxiliar a formar professores pesquisadores, os quais, igualmente, podem auxiliar na tarefa de rever essas questões cruciais para um ensino de língua mais adequado às necessidades dos usuários da língua(gem).

Escritas Biográficas: discursividade e representações do outro
Pesquisadora: Dylia Lysardo-Dias (UFSJ)
Resumo: O projeto tem por objetivo investigar as representações do outro em narrativas biográficas no que tange as questões relativas aos procedimentos de subjetivação e às configurações do Outro. Analisaremos as escritas biográficas jornalísticas veiculadas em espaços da mídia na perspectiva de uma linguística crítica, já que os relatos serão estudados na sua historicidade de prática discursiva, culturalmente instanciada. Norteado pela noção de “ilusão biográfica” (Bourdieu, 1996), este projeto busca problematizar as relações entre linguagem e cultura no que se refere aos processos de estereotipização e às políticas de representação.

Letramentos e discursos em práticas sociais: perspectivas crítico-discursivas em contextos institucionais e comunitários
Pesquisador: Guilherme Veiga Rios (UnB)
Resumo: Este projeto integrado de pesquisa representa o resultado da trajetória de estudos e pesquisas que vimos realizando ao longo de nossa formação acadêmica no curso de Letras-Língua Portuguesa da UnB desde o início dos anos 1990, com a participação em grupo de pesquisa que tinha por foco os Estudos do Letramento e a Análise de Discurso Crítica, no então Núcleo de Estudos de Linguagem e Ideologia, hoje denominado Núcleo de Estudos de Linguagem e Sociedade, do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares. O grupo que integra este projeto compõe-se, neste momento, de um professor-colaborador (coordenador) e quatro estudantes do Programa de Pós-graduação em Linguística, pertencentes à linha de pesquisa Discurso, Representações Sociais e Texto, da área de concentração Linguagem e Sociedade. A perspectiva teórica adotada pelo grupo é a da Análise de Discurso Crítica, dos Estudos do Letramento, e da integração entre a Análise de Discurso Crítica, na versão de Fairclough (1992; 1995; 2003) e Chouliaraki e Fairclough (1999) e os Novos Estudos do Letramento, nas linhas de Street (1984; 1993; 2001), Gee (1990), Barton (1994), Barton e Hamilton (1998) e Barton, Hamilton e Ivanic (2000). Outra teoria subsidiária é a teoria Semiótica Social, que busca compreender o texto multimodal com base em uma perspectiva sistêmico-funcional da linguagem (Hodge &Kress, 1988; Kress e van Leeuwen, 1996, 2001; van Leeuwen, 2008). Entre os principais objetivos deste projeto integrado de pesquisa constam: Identificar discursos prevalecentes sobre conceitos como linguagem, texto, fala e escrita, e seu ensino, de professores(as) de educação básica de escolas públicas ou privadas; Propiciar um diálogo entre pesquisador e professores(as) visando à reflexividade crítica sobre o ensino do português como língua materna, que se traduz na explicitação do conhecimento teórico e prático sobre linguagem, letramento e ensino de língua, em sua relação com sistemas de valores e poder na estrutura social, com vistas à construção de práticas futuras; Investigar os textos, a intertextualidade e as identidades em diversas práticas sociais; Investigar as representações de jovens estagiários e de dirigentes e técnicos de organizações acerca das práticas sociais relacionadas a estágio de estudantes universitários e como esses atores sociais se identificam nessas práticas; Contribuir para uma abordagem crítica do texto publicitário impresso com base na Teoria Crítica do Discurso e na Multimodalidade. Constituem as bases metodológicas deste projeto a pesquisa qualitativa e etnográfica. Também se utilizará de métodos mistos (Creswell e Clark, 2011). Na coleta de dados, serão adotados os seguintes meios: notas de campo, observação de eventos de letramento, entrevistas informais, materiais didáticos, artefatos, tais como textos publicitários publicados em mídia impressa e eletrônica, entre outros, histórias de vida e narrativas. Os registros serão feitos por escrito, em áudio e/ou vídeo e fotografia. Para a análise dos textos escritos e orais que constituirão o corpus, o modelo a ser adotado será o da análise de discurso crítica (Fairclough, 2001, 1992b, 1995, 2000, 2003; Chouliaraki e Fairclough, 1999; Magalhães, I., 2009), que se baseia em uma concepção de discurso como um momento, ou uma dimensão, da prática social. A análise crítica desenvolve-se em três etapas: descrição, interpretação e explicação. Para a etapa da descrição, é relevante mencionar aqui que a Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) (Halliday, 1985; Halliday e Matthiessen, 2004) tem provido parte do referencial teórico para a análise textual e linguística no interior da ADC. Nesse sentido, Chouliaraki e Fairclough (1999) propõem que a ADC complementa e expande a LSF, a qual por sua vez apresenta uma visão de língua multifuncional (ou multissignificativa) e socioestruturante.


Marcas corporais, marcas linguísticas: intersecções metadiscursivas entre línguas e corpos no Brasil
Pesquisadora: Joana Plaza Pinto (UFG)
Resumo: Nesta pesquisa, pretendo discutir as articulações entre as diferenciações dos corpos e os regimes metadiscursivos sobre as línguas. Para pôr em questão a forma como marcadores do corpo e os regimes metadiscursivos sobre línguas estão unidos e relacionados um com o outro e como essa relação se articula com acesso a direitos linguísticos no Brasil, proponho articular estudos feministas sobre corpo e estudos sobre metapragmática e regimes metadiscursivos. O corpo é socialmente construído, e não existe senão enquanto inventado para seu controle e sua potencialidade. Tal invenção tem efeitos reais sobre as pessoas que agem na vida corporificada, e marcadores de vários regimes discursivos se articulam na sua construção em um cruzamento de um tempo e espaço específicos. Os estudos de metapragmática e de regimes metadiscursivos compreendem uma série de questões sobre as maneiras como os recursos linguísticos (expressões idiomáticas, códigos, variantes, dialetos, gêneros, estilos, modalidades, habilidades comunicativas, etc) são avaliados e gerenciados como estratégias para regular e manipular os domínios sociais de interação social. Os recursos linguísticos são, assim, parte da historicidade dos corpos, seu passado, presente e futuro colonial, nacional, racial, de gênero, sexualizado, integrando, rearticulando e criando interligações com os diversos sistemas de diferenciações dos corpos, produzindo diferenças e desigualdades. Estudos diversificados apontam os contextos de mobilidade (migratórios) nacional e transnacional como favoráveis para a investigação desse funcionamento das articulações das marcas linguísticas e corporais. Assim, para entender esse funcionamento no contexto brasileiro, minha pergunta de pesquisa principal é uma pergunta dupla: como os marcadores utilizados nas diferenciações de corpos aplicam-se a regimes metadiscursivos e metapragmáticos (concepções de línguas e de práticas linguísticas) referentes a contextos de imigração (nacional ou transnacional) no Brasil, e como tais regimes constituem marcadores de corpos desiguais que agem performativamente para o acesso ou a interdição a direitos (especialmente linguísticos, mas também educacionais, econômicos, políticos etc.) para imigrantes? Para respondê-la, esta pesquisa propõe uma metodologia qualitativa de base documental. Serão estudados textos públicos brasileiros multimodais (incluindo imagens e textos), com circulação ampla e variada, publicados durante o período de 2007-2012, em revistas e jornais de notícias de maior circulação nacional, e também em documentos governamentais relacionados ao tema da imigração (nacional e transnacional).

Projeto bilateral brasil/portugal - a construção semiótica discursiva da identidade da marca
Pesquisadora: Josenia Antunes Vieira (UnB)
Resumo: Essa proposta de pesquisa internacional entre Brasil e Portugal propõe o estudo da construção semiótico-discursiva da identidade da marca. Considerando que o conceito de marca é relativamente recente na sua aplicação a diferentes contextos, nomeadamente à empresa, produto/serviço, pessoa, país, pretende-se abordá-lo em uma perspectiva transversal e multidisciplinar. Enquadrada na área da Linguística Aplicada, a pesquisa inscreve-se no quadro teórico-metodológico da Análise de Discurso Crítica, da Semiótica-Social, da Multimodalidade e da Gramática Sistêmico-Funcional. Visa-se estudar a identidade da empresa como marca, mediada pelo discurso. contraria a tendência de natureza fragmentada, posicionando-se em uma perspectiva transdisciplinar, ao congregar diferentes olhares científicos, inscritos em culturas específicas: a portuguesa e a brasileira. Essa perspectiva implica encontrar um modelo de análise em que as abordagens qualitativa e quantitativa dialoguem, sendo este um dos interesses científicos desta investigação conjunta. A mudança político-econômica e social que a sociedade ocidental está enfrentando requer de acadêmicos e de profissionais, em suma, dos atores sociais, a necessidade de refletir sobre o papel social, ético e ambiental das empresas, questionando os paradigmas vigentes. Desse modo, a empresa tem necessidade de se assumir como marca, com uma identidade ética própria de responsabilidade social, capaz de dar respostas às grandes questões que ameaçam a humanidade. Isso requer a construção de um novo paradigma de representação e de práticas. Assim, em uma época em que praticamente tudo, desde pessoas, empresas, instituições, eventos, produtos/serviços e políticos são percebidos como marcas, verifica-se a necessidade de estudarmos as formações semiótico-discursivas dessas identidades sociais e profissionais.

Linguagem e Identidade
Pesquisador: Kanavillil Rajagopalan (Unicamp)
Resumo: No atual quadro sócio-político-econômico em que vivemos, de que forma a diluição de identidades está afetando o modo como pensamos a linguagem? Qual a importância ou não de se resgatar alguma noção de identidade (e, com isso, a de um ser suficientemente livre), para que, a partir daí, possamos pensar em um sujeito ético? Qual o papel da chamada ´política de identidade´ na constituição e manutenção de identidades?

Linguagem e Identificação: a produção de culturas afro em Mariana e Ouro Preto e suas implicações para o cotidiano escolar da região
Pesquisadora: Kassandra Muniz (Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP)
Resumo: Neste projeto, a questão identitária estará em cheque. Em tempos nos quais as áreas de humanas precisam se repensar, uma vez que todas as essências estão sendo rejeitadas, duas questões emergem: as ciências da linguagem estão abertas para lidar com essas “novas” subjetividades? Quais podem ser os caminhos para empreender pesquisas na Lingüística Aplicada, considerando as identidades dos sujeitos de nossas pesquisas? Acreditando que a relação linguagem e identidades precisa ser pensada contingencialmente, a partir de uma construção política desta relação, este projeto fará uma aproximação entre linguagem, identidades e negritude. O projeto tem como objetivo investigar a produção contemporânea de culturas de matriz afro na região de Mariana e Ouro Preto, a fim de analisar a forma como os diferentes grupos culturais existentes se nomeiam, observando a relação entre linguagem e identidades sociais nessas nomeações. Além disso, constitui objetivo investigar se esta diversidade cultural afro existente na região chega aos cursos de licenciatura da UFOP bem como às escolas da superintendência de Ouro Preto e quais agentes sociais são responsáveis por essa articulação, caso ela exista.

Políticas linguísticas em contextos bi/multilíngues paranaenses: um estudo sobre identidades
Pesquisadora: Letícia Fraga (Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG)
Resumo: No Brasil, podem-se observar os seguintes contextos bi/multilíngues: a) o das comunidades indígenas; b) o das comunidades imigrantes; c) o das comunidades de brasileiros descendentes ou não de imigrantes em regiões de fronteira, em sua grande maioria, com países hispanófanos (CAVALCANTI, 1999, p. 2), contextos esses também presentes em toda a extensão do estado do Paraná. Dessa forma, é evidente que a situação linguística do estado exige atenção governamental, de modo que seja possível propor uma educação que leve em consideração os direitos linguísticos de cada comunidade. Nesse sentido, neste trabalho propomos investigar a condição linguística/identitária do estado do Paraná, mais especificamente a forma como as escolas que se localizam em regiões bi/multilíngues lidam com essa realidade, especialmente no que diz respeito à (não) elaboração e/ou (não) aplicação de políticas linguísticas adequadas ao contexto a que elas se referem.

Análise de narrativa – proposta de uma abordagem interacional do discurso em diferentes contextos da vida social contemporânea
Pesquisadora: Liliana Cabral Bastos (PUC-Rio)
Resumo: O projeto centra-se no estudo da narrativa e da identidade, voltado para questões e problemáticas diversas da vida social contemporânea, em articulação com ações sociais e projetos de pesquisa da área da saúde. Dentre tais questões, tratamos da construção da violência na fala de adolescentes moradores de territórios de risco, que participam de projetos conduzidos por profissionais de saúde. Tratamos também, no âmbito do G-NIT (GRPesq Narrativa, identidade e trabalho), de temas como gênero, sexualidade, juventude/infância, violência, conflito e exclusão, trabalho e classes populares, saúde (afasia, obesidade, gravidez, puberdade) em falas produzidas nos contextos da escola, da universidade, da delegacia de polícia, do hospital, de movimentos políticos/sociais, empresas e ONGs. A proposta de uma análise de narrativa, que entendemos como uma prática de análise do discurso à luz narrativa, aqui se faz articulando o estudo do discurso e da interação, com o uso de diversos construtos tais como posicionamento, alinhamentos/enquadres, agência, entextualização, discurso reportado, avaliação. Pretendemos contribuir tanto para aprofundar o conhecimento sobre os contextos sociais pesquisados, quanto para os estudos da narrativa, entendendo-a como uma prática social constitutiva da realidade, isto é, como uma performance que se faz para o outro na vida social.

Letramentos digitais: singularidade do ethos, performances narrativas e identitárias
Pesquisador: Luiz Paulo da Moita Lopes (UFRJ)
Resumo: Com base em uma teorização sócio-cultural dos letramentos digitais, compreendidos como práticas sociais situadas, nas quais os participantes estão agindo em conjunto na construção da vida social, o projeto investiga o ethos interacional/discursivo e as interações e os discursos construídos em tais práticas como lugares de performances identitárias (gêneros e sexualidades). A primeira parte focaliza grupos de participantes de comunidades de afinidades (no ORKUT, por exemplo), interagindo em comunidades de práticas na INTERNET, e estuda a especificidade do ethos interacional/discursivo em construção ali e as performances de gêneros e sexualidades que tal ethos possibilita. São focalizadas páginas de discussão de comunidades que prestigiam a reinvenção social. A segunda fase investiga, por meio de instrumentos etnográficos de pesquisa (grupo focal e notas de campo), conversas sobre tais páginas entre participantes situados em um espaço público (Lan House, por exemplo), ao se engajarem nas páginas de comunidades de afinidades. O foco aqui é colocado na ampliação do ethos interacional/discursivo e nas performances de gênero/sexualidade que tal ampliação torna possível, passando a pesquisa a ter um viés etnográfico. Ao focalizar o ethos e performances de gênero e sexualidade, a análise dos dados gerados nas duas fases se baseia no estudo dos padrões e práticas interacionais, dos posicionamentos interacionais, e das estilizações assim como das performances narrativas dos participantes. O projeto combina, dessa forma, métodos discursivo-interacionais, etnográficos e narrativo-performativos de análise.

Múltiplos letramentos, identidades e interdisciplinaridades no atendimento educacional à pessoa deficiente
Pesquisadoras: Maria Izabel Magalhães - coordenadora - (UnB e UFC)
Resumo: Este projeto visa a demonstrar letramentos nas relações interdisciplinares contribuem para as identidades profissionais no Atendimento Educacional Especializado (AEE) é o objetivo principal desta pesquisa, que propõe examinar as seguintes questões: 1) Quais os significados de discursos de inclusão e quais as suas demandas de interdisciplinaridade? 2) Qual a relação entre discursos de inclusão e de exclusão? O que dizem as famílias de deficientes sobre isso? 3) Que letramentos podem ser inferidos de entrevistas com profissionais que atuam no AEE e de suas narrativas? 4) De que forma múltiplos letramentos podem ser associados a interdisciplinaridades e qual o seu efeito sobre o AEE? 5) Qual a relação entre múltiplos letramentos e identidades profissionais e qual a relação entre identidades profissionais e identidades de gênero? O conceito de múltiplos letramentos refere-se à perspectiva heterogênea, múltipla, dos usos sociais das práticas de linguagem, da leitura, da escrita e da multimodalidade. A adoção desse conceito define a orientação teórica desta pesquisa de acordo com os Novos Estudos do Letramento, voltada para as práticas sociais e suas dimensões discursivas e não-discursivas. Essa concepção social do letramento será investigada com a metodologia etnográfica combinada à análise de discurso textualmente orientada. Este é, portanto, um estudo etnográfico-discursivo, com as seguintes etapas: a) observação inicial; b) realização da primeira entrevista; c) observação participante e coleta de artefatos; d) registro de diários; e) realização da segunda entrevista, que terá como foco os diários. Os dados serão gerados e coletados em centros de Atendimento Educacional às pessoas com deficiência e em escolas regulares.

Ética, Alteridade e Práticas Discursiva: visitando textos do Círculo de Bakhtin
Pesquisadora: Maria Bernadete Fernandes de Oliveira (UFRN)
Resumo: Esse projeto tem como objeto de estudo os conceitos de "alteridade" e "ética" na produção dos autores do círculo de Bakhtin e em alguns de seus estudiosos, no Brasil e no exterior. Interessa-nos investigar as diferentes formas que podem assumir as relações dialógicas entre sujeitos, manifestadas em práticas discursivas realizadas em contextos institucionais. Visamos contribuir com a compreensão dos processos de construção de identidades na contemporaneidade, partindo do pressuposto de que o ser humano, enquanto ser de linguagem, seus atos inscrevem-se em uma materialidade semiótica, atravessados sempre pelo eixo valorativo. A primeira fase dessa pesquisa, em andamento atualmente, objetiva compreender e interpretar nos escritos dos autores deste círculo os conceitos de "ato ético" e de "alteridade", articulando-os no contexto de discussões sobre modernidade tardia, modernidade líquida, pós-modernidade crítica (Giddens, Bauman, Boaventura Santos), e dos estudos culturais (Hall, Canclini, Eagleton). Obs.: 1ª fase : 2006-2008.

Práticas discursivas híbridas em contextos profissionais
Pesquisadora: Maria das Graças Dias Pereira (PUC-Rio)
Resumo: O projeto tem por foco de investigação práticas discursivas híbridas em diferentes contextos profissionais, nas áreas de ensino, da saúde, de transportes, dentre outras. A ordem institucional e a atuação profissional são reguladas por regras estabelecidas previamente. Práticas discursivas se estabelecem a partir de atividades cotidianas dos participantes, na ordem interacional, bem como através de outras formas de textualização. O hibridismo em práticas discursivas aponta para mudanças em ‘modos de fala’, socialização em comunidades de prática e construção de identidades, com complexidade e múltiplas camadas nas práticas de trabalho, envolvendo experiência pessoal, profissional e institucional. A orientação teórico-metodológica envolve interfaces entre a análise da narrativa, a sociolinguística interacional, a análise da conversação, os estudos Bakhtinianos sobre dialogismo e polifonia, a análise crítica do discurso.

Práticas discursivas, sociais e culturais em comunidades carentes
Pesquisadora: Maria das Graças Dias Pereira (PUC-Rio)
Resumo: O projeto tem por foco de investigação práticas discursivas, sociais e culturais, assim como representações sociais em escolas e comunidades carentes, envolvendo moradores, agentes sociais, professores, fonoaudiólogos, médicos em atividades de trabalho, na educação, na prevenção e monitoramento de doenças. Práticas não são estabelecidas a priori e se constituem a partir da interação entre participantes de eventos comunicativos. As representações sociais se colocam, para os participantes, em relação a si mesmos, aos profissionais, às famílias e ao(s) outro(s). O objetivo consiste em descrever, buscar criar inteligibilidades em relação às práticas discursivas, sociais e culturais e representações sociais, além de planejar e implementar propostas de ação social, tendo em vista o papel da agentividade, transformação social e educação para a cidadania. A pesquisa situa-se em uma abordagem sociocultural e interacional do discurso em interface com a Linguística Aplicada, em perspectiva metodológica de co-construção e colaboração na investigação.

O(s) sentido(s) do trabalho e o significado da competência interpessoal
Pesquisadora: Maria do Carmo Leite de Oliveira (PUC-Rio)
Resumo: Este projeto busca construir uma contraparte para o estudo, desenvolvido no projeto anterior. São objetivos da primeira parte do estudo enriquecer o debate sobre o significado do trabalho na contemporaneidade, analisando como profissionais com alta nível de qualificação constroem por meio do relato da experiência da migração do emprego formal para a condição de autoemprego uma narrativa coerente de si-mesmos. São objetivos da segunda parte do estudo tornar a categoria competência interpessoal menos fuzzy, confrontando a visão dessa competência e de suas relações com a cultura, em textos acadêmicos, da área da psicologia e linguagem, e em textos não acadêmicos encontrados na mídia de negócios ou em livros de autoajuda. Do ponto de vista teórico-analítico, pretende-se enriquecer o debate sobre o sentido do trabalho como elemento central na constituição da identidade e contribuir para a discussão sobre as possíveis interpenetrações entre o discurso acadêmico e não acadêmico na explicação da competência interpessoal. Do ponto de vista do potencial de aplicações, o estudo visa proporcionar reflexões que possam contribuir para a prática de gestores de recursos humanos e dos profissionais envolvidos em política de incentivo ao autoemprego, assim como para a formação dos que atuam com questões teóricas e aplicadas relativas à gestão das relações no ambiente de trabalho.

(Des)construindo subjetividade(s): Formas de Representação de si e do outro nos discursos sobre línguas (materna e estrangeira)
Pesquisadora: Maria José R. Faria Coracini (Unicamp)
Resumo: Centrado no estudo de questões identitárias, ou melhor, nas formas de representação de si e do outro nos discursos sobre língua materna e estrangeira, apoiando-se em pressupostos teóricos do Discurso (principalmente Foucault), da psicanálise (Lacan) e da desconstrução (Derrida), este projeto pretende analisar registros coletados por meio de entrevistas semi-informais e ou/ questionários junto a professores, alunos e outros falantes. Além de estudar os modos de ser (estar) entre-línguas-culturas e (i)migrantes provenientes de outros países e de outras regiões, será estudada a relação dos professores que não sabem se expressar na língua que ensinam, trazendo à baila importantes consequências para o ensino-aprendizagem dos alunos e para a formação de seu imaginário sobre si e sobre o outro, sobre sua língua e a língua do outro. Busca, ainda, este projeto integrado contribuir para a construção do saber sobre a identidade subjetiva e nacional, sobretudo a partir da perspectiva psicanalítica que vê o sujeito como heterogêneo e fragmentado, bem como sobre a aprendizagem de língua (materna e estrangeira), problematizando a visão unívoca que polariza as duas - materna e estrangeira - como independentes e estanques. Obs: projeto CNPq (500884/2003-0), modalidade auxílio integrado à pesquisa, com término previsto para agosto de 2007

Língua estrangeira e identidade: a investigação das relações entre texto, imagem e memória no caso do inglês no Brasil
Pesquisadora: Marisa Grigoletto (USP)
Resumo: Este projeto (Processo CNPq nº 311357/2006-7) investiga discursos sobre a língua inglesa no Brasil, produzidos nos domínios da política educacional sobre ensino de línguas estrangeiras e da mídia impressa e televisiva, com o objetivo de desvendar o modo de presença imaginária e simbólica da língua inglesa no Brasil contemporâneo e seus reflexos na construção de uma identidade imaginária de brasileiro. Este estudo insere-se no âmbito de pesquisas sobre a relação entre línguas e processos identitários, com ênfase na análise de textos verbais e não-verbais (imagens) e na investigação sobre os modos de existência materiais da memória na ordem do discurso sobre a língua inglesa no Brasil dos séculos XX e XXI. Busca-se, como objetivos gerais, a) contribuir para os estudos sobre as relações imaginárias e simbólicas entre língua e identidade, b) contribuir para a reflexão em torno da língua inglesa no Brasil e do seu ensino, com o intuito, sobretudo, de auxiliar o trabalho de formação de professores e alunos, bem como c) promover reflexão sobre a relação entre texto, imagem e memória sob uma perspectiva discursiva.

A prática de formulação na mediação judicial familiar
Pesquisador: Paulo Cortes Gago (UFJF/UERJ)
Resumo: O presente projeto de pesquisa insere-se na área de Lingüística Aplicada das Profissões (SARANGI, 2006) e pretende investigar a prática de formulação na atividade de mediação judicial familiar. Tratamos da formulação como aquela prática, definida por Garfinkel & Sacks, em etnometodologia, como a prática “ (...) de dizer-em-tantas-palavras-o-que-estamos-fazendo (...)” (1972, p. 171) nas interações cotidianas, que posteriormente foi desenvolvida em diversos trabalhos em Análise da Conversa Etnometodológica (e.g. HERITAGE & WATSON, 1979, 1980; HERITAGE, 1985, etc.). O interesse de tal projeto se dá porque, nos manuais de praticantes de mediação, vários autores utilizam a palavra “ferramenta” para se referirem às atividades de recontextualizar, parafrasear e resumir (e.g. AZEVEDO, 2009; SAMPAIO & BRAGA NETO, 2007; SOUSA, 2007), colocando-as em situação de destaque, como peça-chave para o sucesso da mediação. Por exemplo, Azevedo chama-as de “ferramentas para provocar mudanças”, sob a argumentação de que “um dos maiores desafios do mediador consiste em desarmar as partes de suas defesas e acusações, e buscar cooperação na busca de soluções práticas” (2009, p. 170). Estas práticas de mediação são, na verdade, práticas de formulação. Como ancoragem temática mais ampla do trabalho, o tema maior deste projeto é o da mediação de conflitos no âmbito da justiça familiar. O cenário contemporâneo mundial, e o brasileiro por tabela, vive um verdadeiro momento de efervescência da mediação, enquanto uma forma alternativa (à justiça comum) de resolução de conflitos. Há razões, em princípio muito óbvias, para isso: o afogamento do sistema judiciário mundial e do brasileiro, com pilhas de processos, que demoram anos na justiça sem serem resolvidos, o alto custo do processo judicial, que torna proibitiva a contratação de um advogado, e também, o fato de a mediação representar simbolicamente uma forma de solução auto-compositiva, ou seja, resolvida pelas próprias partes, ao invés de por um juiz, que impõe suas decisões de cima para baixo. A pesquisa é de natureza qualitativa e os dados compõem-se de cerca de 700 horas de gravação de dados reais de fala-em-interação, gerados nos anos de 2007-2009. O projeto desenvolve-se com o apoio da FAPEMIG (APQ 01045/11) durante os anos de 2011-2013 e com uma bolsa de produtividade CNPq-PQ para o triênio 2012-2015.

A construção discursivo-midiática do “escândalo político” no governo Lula e suas implicações ético-políticas na construção de identidades e representações
Pesquisador: Raimundo Ruberval Ferreira (UECE)
Resumo: Este projeto enceta uma investigação dos processos discursivos envolvidos na construção do objeto discursivo-midiático “escândalo político” e suas consequências no campo das identidades e dos jogos de representação. Os processos discursivos em questão estão sendo pensados a partir de uma aproximação de duas perspectivas teóricas: a dos estudos do texto, mais especificamente, os que se interessam pela questão da referenciação linguística, e a da Análise de Discurso Crítica. O corpus da pesquisa é constituído por textos da grande mídia brasileira e da chamada mídia alternativa. Os textos considerados são os que fazem referência a dois episódios que foram concebidos pelo discurso midiático como “escândalos políticos” no governo Lula: o “escândalo do mensalão” e o “escândalo do dossiê”.

Práticas identitárias no livro didático: circulação de discursos e vozes na construção do conhecimento
Pesquisador: Rogério Tilio (UFRJ)
Resumo: O material didático, especialmente o livro didático, ocupa um papel fundamental no contexto brasileiro de ensino de línguas. Embora idealmente um livro didático funcione como um facilitador do ensino, muitos programas de ensino são elaborados com base na escolha de um livro didático. Portanto, a abordagem metodológica adotada pelo livro e a forma como o professor faz uso deste instrumento de ensino são de grande importância no processo de ensino e aprendizagem. Além disso, é preciso ter em mente que, no contexto atual da contemporaneidade (FRIDMAN, 2000), caracterizado por sua fragmentação, fluidez e diversidade (MOITA LOPES, 2002, 2003a) e marcado pela globalização (BAUMAN, 1999), e momento em que, mais do que nunca, a pluralidade cultural se faz presente, o ensino de línguas estrangeiras (especialmente o de inglês) tem o objetivo de promover a inclusão social dos alunos no mundo globalizado por meio do uso da linguagem, seja em língua materna ou estrangeira. Seguindo-se as recentes orientações governamentais para o ensino – os Parâmetros Curriculares Nacionais (2002, 1999, 1998) e as Orientações Curriculares (2006, 2004) – a educação escolar deve enfocar a formação do aluno como cidadão. Dentro desta perspectiva, as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006) destacam a importância dos multiletramentos e do letramento crítico, ou seja, da capacitação do aluno para que este não apenas se insira no mundo contemporâneo, caracterizado por multisemioses, mas para que também possa atuar nele, podendo até mesmo contribuir para transformá-lo. Segundo os documentos oficiais, o ensino de línguas (linguagem) deve, portanto, (1) discutir temas que permitam a construção da cidadania e respeitem as identidades dos alunos (inclusão); e (2) colaborar na construção de habilidades e competências no uso da linguagem (atuação).

Educadores críticos: reflexões e ações transformadoras na escola pública
Pesquisadora: Solange Maria de Barros (UNEMAT/UFMT)
Resumo: O presente projeto pauta-se na necessidade de uma articulação permanente de grupos de estudos na escola pública, envolvendo pesquisadores de universidades e professores, com o propósito de contribuir de forma coletiva para a melhoria da qualidade de ensino. O estudo busca investigar práticas discursivas relativas ao ensino e aprendizagem de línguas, com o intuito de conhecer, analisar e elaborar práticas pedagógicas emancipatórias que favoreçam grupos sociais que permanecem à margem. A pesquisa ancora-se em quatro propósitos: (1) criar um espaço permanente de estudo na escola; (2) fomentar discussões e reflexões acerca da formação crítica de educadores de línguas; (3) compreender as atitudes, sentimentos e motivações de professores e alunos, incluindo suas histórias de vida; (4) analisar práticas educativas de ensino/aprendizagem na escola e na sala de aula. Baseia-se na filosofia do Realismo Crítico (BHASKAR, 1998; 2000; 2012), Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 1989; 2001; 2003) e Formação Crítica de Educadores (ZEICHNER 1992; CONTRERAS,1997; PIMENTA, 2002; CELANI, 2003; MAGALHÃES 2004; PAPA, 2005, 2008; BARROS, 2010, 2012) entre outros. Como educadora crítica, sinto-me encorajada a engajar em um ambiente de exclusão social, com o propósito de verificar se a minha participação na escola, juntamente com os professores, coordenação e direção, promove algum tipo de mudança nas práticas educativas. Este estudo não se restringirá apenas em ouvir e observar, mas também comprometer e sentir os problemas oriundos da escola, procurando alternativas coletivas que levem à superação dos obstáculos existentes.

Identidade, Linguagem e interação: a co-construção/negociação de identidades no PROCON
Pesquisadora: Sonia Bittencourt Silveira (UFJF)
Resumo: Identidade será aqui estuda como um fenômeno discursivo, co-construído e negociado em situações de fala-em-interação, seguindo as orientações teórico-metodológicas da Análise da Conversa, de base etnometodológica, e da Sociolinguística Interacional. Isto implica pensá-la não como algo dado a priori , em termos essencialistas (a identidade é vista como uma propriedade do indivíduo ou da sociedade (cf. Widdebombe,1998:Hall ,2002), por exemplo, mas como um recurso linguístico-discursivo de categorização/referenciação à disposição dos participantes, em uma dada atividade de fala.

Contatos Mistos e Trajetórias de Cuidado de Pessoas com Deficiência na Cidade de Mariana: o caso da comunidade da Figueira
Pesquisador: Ubiratan Garcia Vieira (UFOP)
Resumo: A realização do presente projeto tem como objetivo geral levantar informações que subsidiem a realização de atividades de extensão junto à Comunidade da Figueira, uma instituição de cuidado de pessoas com deficiência localizada em um espaço próprio na cidade de Mariana, mas também junto à comunidade marianense que se relaciona de várias formas com esta instituição. São objetivos específicos das ações de extensão, contribuir com os contatos mistos entre a Comunidade da Figueira e a comunidade marianense e com a memória do cuidado de pessoas com deficiência na cidade de Mariana. São objetivos específicos das ações de pesquisa, localizar a trajetória da Comunidade da Figueira na história das instituições de cuidado de pessoas com deficiência na cidade de Mariana e identificar a rede de agentes participantes da vida interna e externa à Comunidade e compreender as convergências e divergências nas suas relações, inclusive considerando os valores sociais presentes na linguagem. Quanto aos resultados da realização do projeto, esperamos incrementar o número e a qualidade dos contatos mistos entre usuários da Comunidade da Figueira e a comunidade marianense, assim como elaborar uma publicação sobre a memória do cuidado de pessoas com deficiência nesta cidade a partir da trajetória da Comunidade da Figueira. Projeto de Extensão com interface com Pesquisa. Possui apoio da FAPEMIG, através do edital 07/2011, e da UFOP, através do edital de Iniciação Científica, PIP 2011-2012 e da PROEX (Edital Fluxo contínuo 2012)

O Processo Identitário do Indígena de Mato Grosso do Sul: análise documental e midiática da luta pela terra
Pesquisadora: Vânia Maria Lescano Guerra (UFMS)
Resumo: A fundamentação teórica transdisciplinar desta pesquisa está baseada nos estudos de Foucault (1969, 2002, 2004), nas noções de Derrida (2001, 2002, 2003) e na perspectiva discursiva de Coracini (1991, 2003, 2007, 2009). Este trabalho investiga como a produção da identidade do indígena de Mato Grosso do Sul se manifesta no discurso oficial, a partir do discurso da I Conferência Regional dos Povos Indígenas do Mato Grosso do Sul, ocorrida em Dourados (MS) de 28 de março a 01 de abril de 2005 e do discurso midiático do Jornal “O Progresso”, tradicional veículo regional. Nosso intuito é problematizar os discursos acerca da construção da identidade do índio, com base na interpretação de regularidades dos enunciados que se manifestam na materialidade linguística. As regularidades permitem-nos conduzir nossa discussão considerando dois eixos de análise: a) a imagem que os órgãos oficiais fazem do indígena de Mato Grosso do Sul, dos discursos ditos de inclusão social; b) as estratégias de produção de verdades pelo poder público e pela mídia, no que se refere às questões territoriais do povo indígena. Mais especificamente, o presente estudo, ao considerar os pressupostos teóricos/metodológicos das teorias discursivas de perspectiva foucaultiana, pretende observar como subjetividades/identidades são conformadas, por meio da análise de representações que foram materializadas nas escrituras oficiais e na mídia impressa, ao discorrerem sobre os “papéis” ou funções que os indígenas podem/devem exercer na sociedade, em relação à demarcação de suas terras.

Publicações em Língua Portuguesa sobre População em Situação de Rua: Análise de Discurso Crítica
Pesquisadora: Viviane de Melo Resende (UnB)
Resumo: Em uma conjuntura na qual o Estado encolhe-se no que se refere à oferta de serviços públicos como segurança, educação, saúde, acesso a tecnologias, e à garantia de direitos básicos tais como segurança alimentar e moradia, a mobilização social torna-se cada vez mais relevante para assegurar o acesso à cidadania. As organizações comunitárias são de extrema importância para a formação do ator social coletivo, capaz de agir na direção de um projeto comum. É esse o caso das publicações voltadas para a situação de rua, cujo principal objetivo é gerar renda e abrir um canal de expressão para a população em situação de rua, possibilitando a reestruturação da vida de pessoas nessa situação ao mesmo tempo em que traz essa temática para a agenda de debate da sociedade, combatendo a invisibilidade da questão social. O objetivo deste projeto é investigar as cinco publicações localizadas, em língua portuguesa, voltadas para a abordagem específica da população em situação de rua. São elas: a revista Ocas, de São Paulo, também distribuída no Rio de Janeiro; o jornal O Trecheiro, de São Paulo; o jornal Boca de Rua, de Porto Alegre; o jornalAurora da Rua, de Salvador; e a revista Cais, de Lisboa, também distribuída em outras cidades portuguesas, a exemplo de Porto e Coimbra. Essas publicações funcionam nos moldes da revista pioneira no gênero, a britânica The Big Issue. Cada vendedor/a administra a quantidade de jornais que pretende comercializar, pagando um valor entre um terço e a metade do preço de capa pela unidade, e ficando com todo o dinheiro da venda. Os primeiros exemplares de cada vendedor/a costumam ser fornecidos gratuitamente. Assim, ao mesmo tempo em que as temáticas abordadas nos textos publicados tratam de pautar a situação de rua, o que é relevante nas sociedades contemporâneas, em que o problema tornou-se invisível, esses jornais e revistas também têm o duplo mérito de possibilitar renda e de criar uma comunidade em torno de objetivos comuns. Para este projeto pretendemos, por um lado, coletar textos de edições recentes dos cinco periódicos, para a composição de um corpus documental. Por outro lado, ambicionamos realizar entrevistas com os/as editores/as das cinco publicações, e grupos focais com seus/suas vendedores/as. As transcrições desses dados, de natureza etnográfica, comporão outros dois corpora. Todos os dados serão analisados com base nos pressupostos da Análise de Discurso Crítica.

Linguagem, discurso e identidade de adolescentes e adultos em situação de exclusão: escrita de si
Pesquisadora: Celina Aparecida Garcia de Souza Nascimento (UFMS)
Resumo: Objetivamos desenvolver estudos que subsidiem ações na prática de escrita de adolescentes e adultos em situação de exclusão. Assim como, refletir sobre a formação da identidade e subjetividades desses sujeitos, enquanto missão social da instituição/escola e do professor, sua inserção num determinado contexto e na construção individual de saberes e de princípios éticos desses sujeitos que se vêem excluídos da sociedade. Enquanto objetivos específicos, pretendemos i) analisar e compreender o adolescente e a mulher enquanto identidades singulares na/pela subjetividade, via escrita de si; ii) Interpretar essa subjetividade a partir da escrita do próprio adolescente e da mulher presidiária num determinado momento histórico, social e ideológico; e, iii) descrever marcas dos discursos e interdiscursos que perpassam os sujeitos pesquisados. Intencionamos dessa forma, investigar como acontece a construção da identidade desses sujeitos? Quais os efeitos de sentido que perpassam tal subjetividade? Quais concepções de sujeito são possíveis vislumbrar? Como acontece o processo de escrita de si? Esta pesquisa situa-se no campo teórico e metodológico da Análise do Discurso de linha francesa, inaugurada por Pêcheux (1988), que considera a linguagem em relação com a exterioridade, em que se trabalha no entremeio, por articular três regiões do conhecimento: o materialismo histórico, a Lingüística, a partir da releitura dos estudos de Saussure; e a Psicanálise, a partir da releitura que Lacan fez de Freud. Também recorremos às contribuições do filósofo Foucault (1998, 2005) para a questão da escrita de si e em conceitos de Derrida (2002 e 2005) e Coracini (2002, 2003a e 2003b, 2010). Assim, ao tratar da representação identitária, pretendemos discutir a escrita enquanto marca singular na formação desses sujeitos, inaugurando assim, a noção da subjetividade do ser falante por estar sempre sujeito à falha, ao lapso, uma vez que o discurso e o interdiscurso são o lugar de constituição de um sentido que escapa à intencionalidade do sujeito (AUTHIER-REVUZ, 1998), que, a todo o momento, é instado a falar de si e do outro na ilusão de que é fonte intencional do sentido.

Educação continuada em CausAÇÃO
Pesquisadora: Maralice de Souza Neves (UFMG)
Resumo: Este projeto de pesquisa se insere em um projeto de extensão de nome ContinuAÇÃO Colaborativa (ConCol), que visa promover a educação continuada de professores de língua inglesa (LI) primordialmente da rede pública de ensino básico em Belo Horizonte e cidades próximas. O objetivo do ConCol é formar redes de colaboração para 1) envolver os participantes no planejamento dos encontros/ações pedagógicas; 2) fomentar a rede presencial e formar uma rede virtual entre os participantes; 3) continuar o aperfeiçoamento linguístico e metodológico(com a participação de bolsistas e voluntários; bolsas do centro de extensão da FALE e projetos de ensino). Através da prática da Conversação, definida como “uma associação livre e coletivizada, na medida em que não somos donos dos significantes. Um significante chama outro significante, não sendo importante quem o produz.” (Miller, 2003, p. 16), trazemos a proposta que nomeamos pedagogical rounds, numa extensão da associação livre de Freud (1894). O que um diz, em grupo, toca o outro e produz perspectivas inéditas e significativas como intervenção (Miranda, 2010). Nos encontros quinzenais para esse fim, um ou dois dos participantes são instados a compartilhar as atividades que desenvolvem em sala de aula e que funcionam ou não satisfatoriamente. Os membros discutem essas ações, problematizam suas tomadas de posição, propõem caminhos, mas sem se sentirem donos do “caminho certo”, sempre sem definição do rumo dos significantes. Procuramos problematizar as técnicas, as representações consolidadas ou tomadas como habituais ou como verdade, buscando fazer aflorar a falta mesma do significante diante dos impasses, dando, assim, lugar ao desejo como causa e não como fim (Lacan, 1953) e abrindo para a criatividade nas proposições. Por ser um grupo que se reúne por uma causa, aquela do fazer factível, sem nenhum modelo estável, o ConCol não tem um tempo de curso; não tem número fixo de membros que podem ir e vir quando quiserem; está aberto a mudanças de rumo e à aceitação de novos membros movidos pela mesma causa. Como consequência, é nesse ir-e-vir que o sujeito demonstra implicação (Monceau, 2007) em relação ao seu desejo. Os pedagogical rounds nos oferecem, portanto, importante corpus de pesquisa. Como referencial teórico para o trabalho de intervenção e pesquisa, ancoramo-nos em estudos que partem do atravessamento da psicanálise freudo-lacaniana, sobretudo da primeira clínica de Lacan, no quadro epistemológico da análise do discurso. Assim, reconhecemos a teoria psicanalítica de subjetividade tanto na concepção do sujeito- efeito, em sua divisão constitutiva, quanto na concepção da “heterogeneidade teórica própria ao campo enunciativo” (Teixeira, 2005 p. 69). Não nos satisfazendo, porém, somente com questões da ordem do atravessamento, tomamos também o caminho da segunda clínica de Lacan (a partir de 1960) que, ao privilegiar o real em detrimento do simbólico e do imaginário, nos instiga a ir além da escuta e da explicação do passado para a implicação no “não-saber” sobre o futuro. Esta posição responsabiliza o sujeito pela invenção singular do seu futuro (Forbes, 2012).